BEM VINDOS AO
FACEBOOK
Aqui
somos todos um abacateiro tentando sobreviver entre o capim navalha.
Aqui a inveja ecoa em
comentários maliciosos daqueles que só desejam usufruir da festa, os copos
tilintando, esquecendo-se de que o melhor é preparar a festa. A história da
Galinha Ruiva cacareja diariamente nesse mundo virtual: Quem vai plantar o
trigo, colher o trigo, moer o trigo, amassar a farinha e fazer o pão? Ah, para
isso todos dizem não!
Aqui a paródia da música é: “Eu
quero um homem pra chamar de meu, mesmo que esse homem seja o seu”.
Aqui é o lugar onde as faces
se mostram tal qual são na vida real: todos interessados no próprio umbigo.
Sou contra as redes sociais?
Busquemos as palavras:
Rede: trama com fios. Serve
para aprisionar peixes. Depois sufocá-los e assistir à morte debatendo-se pela
vida. Há rede de dormir também. Quando acordar, o “príncipe
encantado” terá saqueado sua conta e estará gastando em outro conto de fadas.
Social: Será? Não vejo aqui
um ambiente propício à construção de uma sociedade saudável. A família é muito
atingida e as crianças alvos de mentes doentes.
Muitos afirmam que depende
do uso que fazemos de tais redes. Pergunto: Quem as usa e para quê? Somente por
razão particular. O Facebook é o terapeuta da vez e haja “blá, blá, blá”. O
lado de lá guarda um desconhecido sempre disposto a seduzi-lo. O lado de lá é o
desconhecido.
Aqui a velocidade impera, as
informações se atropelam e provocam um engarrafamento enorme, monstruoso. De
repente, percebemos que não saímos mais do lugar. Inútil apalpar as paredes.
Nos tornamos objetos parados há muito tempo no mesmo lugar. Por essa razão, não
somos mais percebidos. A imperceptibilidade dos outros nos conduz a não
enxergarmos a nós mesmos.
O outro somos nós.
(Lúcia Gomes - fragmento de texto - direitos reservados)
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Foto: Lúcia Gomes
Fazenda Itaocaia |