flor da cana do brejo

domingo, 12 de abril de 2015

Um dia em setembro


O portão de grade da velha casa está fechado: página do livro que não li.
Naquela rua antiga do subúrbio, onde  crianças descalças jogam bola,
o capim cobre o jardim de outrora.
Assim como os vãos  na parede guardam a memória de janelas
abertas para os sonhos da chegada.
Caminho por ali a primeira vez como se há muito lá já estivesse.
Sinto como se todos me conhecessem: minha alma emudece.
Sou silêncio como a rua à hora em que as árvores refletem
a luz difusa rodeada por mosquitos:
lua pregada no poste da casa adormecida.
Foto: Lúcia Gomes

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