BALADA DA MÃE SOBRE O FILHO MORTO
Quando o telefone toca,noite avançada,madrugada acesa,
meu coração dispara,relogio gritando as horas,sirene de bombeiro.
Inevitável derrubar o telefone no chão,perder a sensibilidade das mãos,
pisar em falso,tropeçar no cachorro,lutar com as cobertas.
Somos quatro eternamente,três capengas e um ausente.
Na toalha sobre a mesa, falta um prato para sempre.
Quando a campainha toca,a voz não se identifica,a resposta não se faz,
o silencio precipita. Meu coração dispara,atemporal,sofrido.
Quem bate e não anuncia a chegada da alegria?
Qual dos filhos é que que grita a ausencia do irmão perdido?
Somos quatro eternamente,três capengas e um ausente.
Na toalha sobre a mesa, falta um prato para sempre.
Quando um abraço me envolve,dedos aparam-me o choro,
sei que o tempo só piora,cava um buraco na alma,
a dor busca um lugar pra se esconder sem demora.
A mãe,a irmã, o irmão perderam o caminho de volta.
Somos quatro eternamente, três capengas e um ausente.
Na toalha sobre a mesa falta um prato para sempre.
Lúcia, Mariana, Bernardo e Pedro Natal de 2006 |
Muito, muito bonito. Beijo
ResponderExcluirLúcia, isso aconteceu contigo? Que triste! O prato que sempre faz falta dá uma idéia do buraco existente no coração, mas não posso ter noção do tamanho da dor que deve ser perder um filho.
ResponderExcluirO texto está incrível!
Uma obra prima no gênero.
ResponderExcluirPoema caracterizado por um refrão que mostra a dor da ausência.
"Somos quatro eternamente". Lindo!!!
Ninguém pode apagar ou negar a sua história. É isso que tanto admiro em você.
Beijos