BALADA DA MÃE SOBRE O FILHO MORTO
Quando o telefone toca,noite avançada,madrugada acesa,
meu coração dispara,relogio gritando as horas,sirene de bombeiro.
Inevitável derrubar o telefone no chão,perder a sensibilidade das mãos,
pisar em falso,tropeçar no cachorro,lutar com as cobertas.
Somos quatro eternamente,três capengas e um ausente.
Na toalha sobre a mesa, falta um prato para sempre.
Quando a campainha toca,a voz não se identifica,a resposta não se faz,
o silencio precipita. Meu coração dispara,atemporal,sofrido.
Quem bate e não anuncia a chegada da alegria?
Qual dos filhos é que que grita a ausencia do irmão perdido?
Somos quatro eternamente,três capengas e um ausente.
Na toalha sobre a mesa, falta um prato para sempre.
Quando um abraço me envolve,dedos aparam-me o choro,
sei que o tempo só piora,cava um buraco na alma,
a dor busca um lugar pra se esconder sem demora.
A mãe,a irmã, o irmão perderam o caminho de volta.
Somos quatro eternamente, três capengas e um ausente.
Na toalha sobre a mesa falta um prato para sempre.
Lúcia, Mariana, Bernardo e Pedro Natal de 2006 |