flor da cana do brejo

domingo, 9 de outubro de 2011

BALADA DA MÃE SOBRE O FILHO MORTO

Quando o telefone toca,noite avançada,madrugada acesa,
meu coração dispara,relogio gritando as horas,sirene de bombeiro.
Inevitável derrubar o telefone no chão,perder a sensibilidade das mãos,
pisar em falso,tropeçar no cachorro,lutar com as cobertas.
Somos quatro eternamente,três capengas e um ausente.
Na toalha sobre a mesa, falta um prato para sempre.

Quando a campainha toca,a voz não se identifica,a resposta não se faz,
o silencio precipita. Meu coração dispara,atemporal,sofrido.
Quem bate e não anuncia a chegada da alegria?
Qual dos filhos é que que grita a ausencia do irmão perdido?
Somos quatro eternamente,três capengas e um ausente.
Na toalha sobre a mesa, falta um prato para sempre.

Quando um abraço me envolve,dedos aparam-me o choro,
sei que o tempo só piora,cava um buraco na alma,
a dor busca um lugar pra se esconder sem demora.
A mãe,a irmã, o irmão perderam o caminho de volta.
Somos quatro eternamente, três capengas e um ausente.
Na toalha sobre a mesa falta um prato para sempre.


Lúcia, Mariana, Bernardo e Pedro
Natal de 2006

3 comentários:

  1. Lúcia, isso aconteceu contigo? Que triste! O prato que sempre faz falta dá uma idéia do buraco existente no coração, mas não posso ter noção do tamanho da dor que deve ser perder um filho.
    O texto está incrível!

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  2. Uma obra prima no gênero.
    Poema caracterizado por um refrão que mostra a dor da ausência.
    "Somos quatro eternamente". Lindo!!!
    Ninguém pode apagar ou negar a sua história. É isso que tanto admiro em você.
    Beijos

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