flor da cana do brejo

sábado, 27 de agosto de 2011


No silencio da página ao lado,
procuro ler o verso ausente,
a palavra não escrita,
não dita,

as linhas do caderno por escrever.

A página ao lado está ali,
sem o lápis a deslizar,
letra impecável,
o som do risco,
não está

escrito o amor em linhas certas.

Está ali, a espiar
o que devia estar,
para outra hora,
poder ser lido
e recordar,

mas aqui dentro, só quer calar

3 comentários:

  1. Muito sensível e belo o seu poema.
    Você utiliza imagens bonitas para descrever o que está guardado.
    Assim como o ovo do pássaro no ninho. A vida que aguarda: quebrar a casca e alçar voo.

    Parabéns!
    Joaquim

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  2. Muito bonito os versos a expressar o processo de criação: o diálogo da poetisa com os seus sentimentos.
    A imagem do ovo da sabiá no ninho ilustra muito bem aquilo que está guardado, esperando "a espiar", "poder ser lido", "e recordar".

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  3. É como o Joaquim falou "a vida que aguarda", a ser escrita e lida. Adorei o texto! Fala bem do ofício do escritor, podemos fazer referência à agonia da falta de inspiração, mas com a necessidade de escrever.

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